Secretaria de Saúde de SP investiga se surto de gastroenterite é causado por vírus, bactéria ou parasita


Pasta não descarta virose, mas alerta para possibilidade de contaminação por bactérias ou parasitas. Prefeitura de Guarujá aponta esgoto clandestino como possível fonte, enquanto Sabesp nega problemas na rede de esgoto. Resultados de amostras devem sair em até cinco dias. UPA Rodoviária em Guarujá (SP) ficou lotada com casos de virose
Reprodução/TV Tribuna
A Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo não confirma que a Baixada Santista atravessa um surto de virose. De acordo com Alessandra Lucchesi, diretora da Divisão de Transmissão de Doenças, o que se sabe é que a maioria dos pacientes apresenta quadro de gastroenterite, que não necessariamente seja causada por um vírus, mas pode ser por bactéria ou parasita.
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“As informações que chegaram até a Secretaria Estadual de Saúde compreendem [que] tanto pessoas que foram ao mar, que fizeram banho de mar, como também pessoas que não foram diretamente à praia, mas que muito provavelmente também entraram em contato com outras pessoas doentes”, disse a diretora, em entrevista à TV Tribuna, afiliada da Globo.
Alessandra afirmou que os órgãos competentes estão apurando, portanto, a fonte de contaminação. “É necessário esclarecer que nesse momento não temos como afirmar que é uma virose. Nós sabemos que é uma gastroenterite, mas não sabemos a causa, se é vírus, bactéria ou parasita”.
A diretora ressaltou que análises de amostras serão realizadas pelo Instituto Adolfo Lutz e que os resultados devem sair dentro de cinco dias. ” Então, aguardamos tanto amostras de fezes das pessoas que manifestaram sintomas, como também de outros produtos quando indicado ao município.
Desde o final de semana foram muitos os relatos de vazamento de esgoto, tendo a Prefeitura de Guarujá apontado que o extravasamento de esgoto clandestino no mar da cidade poderia ser a causa do suposto surto de virose.
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), por sua vez afirmou não ter encontrado problemas na rede de esgoto e afirmou, em nota, que “o surto de virose não tem relação com a operação da empresa”.
Gastroenterite
De acordo com Alessandra, a gastroenterite é uma doença que vai causar sintomas no aparelho digestivo. “Por isso, são sintomas associados ao vômito, à dor de barriga, por assim dizer, à dor abdominal, ao quadro de diarreia por si só. Em alguns casos, também é possível verificar, além da dor abdominal, uma dor de cabeça ou até mesmo febre”.
Transmissão
Em relação à transmissão, a diretora da Divisão de Transmissão de Doenças informou que pode ocorrer de forma direta, pelo contato com a fonte do problema (vírus, bactéria e parasita) ou de forma indireta, pegando de outras pessoas contaminadas.
“Para esses casos (de gastroenterite) em específico, (são) duas fontes de contaminação propriamente ditas: Consumo de alimentos contaminados, potencialmente contaminados, e principalmente também a via fecal-oral”, apontou Alessandra.
Hospitais lotados e farmácias zeradas
Na cidade de Guarujá, por exemplo, várias pessoas se dirigiram às unidades de saúde relatando o problema entre o fim do ano e o início de janeiro. As unidades de saúde estão lotadas e nas farmácias as pessoas já têm dificuldades para encontrar medicamentos usados no controle dos sintomas.
De acordo com a Prefeitura de Guarujá, tanto a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Enseada como o Pronto Socorro Dr. Matheus Santamaria, popularmente conhecido como PAM da Rodoviária, tiveram aumento de infraestrutura para que os pacientes possam receber o soro intravenoso. Desde a última sexta-feira, as unidades contam com o reforço de mais um médico e um enfermeiro.
Já as unidades da família dos bairros Jardim dos Pássaros, Vila Rã e Cidade Atlântica, que faziam apenas atendimento eletivo das 7h às 17h, agora estão abertas até as 22 horas sem a necessidade de agendamento de consultas.
As prefeituras de Guarujá, Santos, Bertioga, Mongaguá e Peruíbe explicaram que as notificações de viroses não são obrigatórias para o Ministério da Saúde. Por isso, o levantamento foi feito com base no número de atendimentos relacionados à doença nas unidades de saúde dos municípios. Itanhaém não respondeu sobre o vazamento na praia.
Podem ser várias doenças
Ao g1, o infectologista Leandro Curi explicou que vírus são transmitidos pelo ar, pela água ou alimentos contaminados. A água, por exemplo, é um local propício para esses agentes infecciosos por ser de fácil acesso ao ser humano. “Pode estar na água do rio, do mar, na água que a gente bebe”, disse ele.
Ele ressaltou que o termo “virose” é utilizado popularmente para designar várias doenças, mas define somente as causadas por vírus.
Segundo o especialista, é comum que doenças causadas por bactérias apareçam no esgoto. Um exemplo é a cólera, tipo de gastroenterite bacteriana. Assim como elas, os vírus também podem estar presentes nesse ambiente.
Praia de Santos (SP) na manhã deste sábado (4)
Matheus Muller/g1 Santos
Curi explicou que, no caso dos sintomas que têm sido observados na Baixada Santista, é menos provável que o vírus esteja contaminando pelo contato com a pele. “A gente acredita que seja mais da ingesta dessa água ou no uso dessa água para higienização de alimentos ou hidratação direta”, disse.
Como prevenir?
Casos de virose aumentaram na região
Reprodução/EPTV
O governo estadual divulgou medidas preventivas a serem adotadas para evitar a Doença de Transmissão Alimentar (DTA) no verão, quando há grande concentração de turistas por conta das festas de fim de ano e férias escolares. Veja:
Evite alimentos mal cozidos;
Mantenha os alimentos bem refrigerados, com atenção especial às temperaturas dos refrigeradores e geladeiras dos supermercados onde os alimentos ficam acondicionados;
Leve seus próprios lanches durante passeios ao ar livre;
Observe bem a higiene de lanchonetes e quiosques;
Lave as mãos antes de se alimentar;
Tenha atenção redobrada com comidas em self-service;
Beba sempre água filtrada;
Não consuma gelo, “raspadinhas”, “sacolés”, sucos e água mineral de procedência desconhecida.
Também é importante prestar atenção à balneabilidade das praias – que define se o mar está próprio ou não para o banho. O boletim divulgado na quinta-feira (2) indica que, das 175 praias monitoradas no litoral, 38 apresentam condição imprópria. Confira no site da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
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