Polícia suspende operação para prender presidente da Coreia do Sul

Em uma das ações da política sul-coreana recente, a operação para prender o presidente destituído Yoon Suk-yeol foi suspensa nesta sexta-feira, 3, após quase seis horas de resistência. Forças de segurança e manifestantes favoráveis ao líder conservador bloquearam o avanço das autoridades que tentavam cumprir o mandado de prisão relacionado às acusações de insurreição e abuso de poder. Em meio ao caos, o Escritório de Investigação de Corrupção de Altos Funcionários (CIO) decidiu interromper temporariamente a tentativa, citando preocupações com a segurança de seus agentes e de civis presentes no local.

A ação começou logo no início da manhã, quando cerca de 80 agentes do CIO, apoiados por 2.700 policiais, cercaram a residência oficial de Yoon em Seul. O presidente afastado está sendo investigado por ordenar, em dezembro, a implementação da lei marcial, o que restringiu direitos civis e desencadeou seu impeachment no Parlamento. Apesar da presença maciça de forças policiais, a operação enfrentou barreiras físicas e simbólicas.

Logo ao chegar à residência, as autoridades se depararam com uma barreira de manifestantes leais a Yoon. Cerca de 1.200 pessoas haviam se reunido na entrada, entoando palavras de ordem como “Mandado ilegal. Totalmente inválido” e “Prendam o CIO”. Alguns chamavam a atenção para a oposição, exigindo a prisão de Lee Jae-myung, considerado um potencial sucessor de Yoon caso seu impeachment seja confirmado.

Após uma hora de tentativa para ultrapassar a multidão, as autoridades avançaram pela encosta que dá acesso ao complexo. No entanto, os desafios estavam longe de terminar: cerca de 200 agentes da segurança presidencial e soldados de uma unidade militar instalada na propriedade bloquearam a entrada.

“Impossível executar o mandado”

Apesar dos esforços, os embates – que incluíram confrontos físicos leves, mas sem uso de armas – levaram ao esgotamento da operação. Em nota oficial, o CIO explicou que a decisão de interromper a tentativa foi tomada para preservar a integridade de todos os envolvidos. “Determinamos que seria praticamente impossível executar o mandado de detenção devido ao confronto contínuo [com as forças de segurança presidencial] e suspendemos a execução por preocupação com a segurança do pessoal no local, causada pela resistência”, declarou um representante do Escritório.

Ainda no comunicado, o órgão expressou sua frustração com o resultado do dia: “Expressamos nosso mais profundo pesar pela recusa do suspeito em cumprir os procedimentos legais”.

Multidão crescente

Enquanto os agentes enfrentavam os obstáculos para cumprir o mandado, o número de apoiadores de Yoon cresceu exponencialmente. No final da manhã, a multidão em frente ao complexo ultrapassava 11 mil pessoas, de acordo com estimativas policiais. Manifestantes agitaram bandeiras da Coreia do Sul e dos Estados Unidos, gritando em apoio ao líder destituído.

Quando a retirada das forças do CIO foi confirmada, uma onda de comemoração tomou conta da multidão. “Vencemos!”, bradavam os presentes, enquanto reforçavam sua fidelidade a Yoon. Para seus apoiadores, o mandado de prisão não passa de uma perseguição política, alimentada pela oposição e pela pressão judicial.

Um julgamento político ainda em curso

Além das acusações criminais, Yoon Suk-yeol enfrenta um processo na Corte Constitucional, que julga se seu impeachment, aprovado pelo Parlamento, será definitivo. O caso se soma a uma série de eventos polêmicos que marcaram sua gestão, incluindo decretos controversos e tentativas de enfraquecer o Congresso.

O legislador Jung Chung-rae, do Partido Democrata e responsável por liderar a equipe que apresenta o impeachment ao tribunal, reiterou que a insurreição promovida por Yoon ainda representa uma ameaça. “A insurreição ainda não acabou, ainda está em andamento”, declarou antes de entrar na audiência preparatória na capital.

Yoon permanece sob vigilância, cercado por forças de segurança que ainda controlam o acesso ao complexo presidencial. O líder conservador, que se recusou a comparecer a diversas convocações judiciais, continua a enfrentar críticas tanto de opositores quanto de uma parcela da população insatisfeita com sua tentativa de centralizar o poder por meio de medidas autoritárias.

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