Fim da lua de mel: setor cultural perde paciência com o governo Lula

A lua de mel do setor cultural com o governo federal parece estar terminando. O segmento, que foi um dos maiores apoiadores da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), comemorou sua vitória como uma nova esperança, após o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro ter drasticamente reduzido o orçamento por projetos culturais de R$ 60 milhões para apenas R$ 1 milhão e transformado o Ministério da Cultura em uma simples secretaria.

No entanto, após dois anos de governo, a paciência dos artistas parece estar no limite, e as críticas começam a surgir. O jornal Folha de S. Paulo publicou que o clima de insatisfação com a gestão atual está crescente. No início deste mês, profissionais do audiovisual divulgaram uma carta aberta, expressando preocupação com o que consideram a falta de rumo da política cinematográfica brasileira.

Gabriel Pires, membro do Conselho Superior do Cinema, critica a lentidão do governo na regulamentação do setor e afirma que a responsabilidade vai além do Ministério da Cultura, abrangendo também a Casa Civil, a Presidência e a Secretaria de Relações Institucionais. Ele lamenta a falta de avanços em 2024. Mariza Leão, produtora de destaque no cinema brasileiro, compartilha da mesma opinião, destacando a ausência de um esforço político para regulamentar o streaming de maneira condizente com a importância da indústria audiovisual no país.

Em junho, o governo anunciou investimentos de R$ 1,6 bilhão no setor audiovisual, destacando o valor com grande ênfase. No entanto, Leão ressalta que estabelecer metas claras é tão essencial quanto garantir os recursos. “Trata-se de uma política que celebra o montante investido, sem conectar esse valor aos resultados esperados.”

Recentes mudanças na Lei Aldir Blanc também geraram insatisfação entre secretários de cultura de todo o Brasil. A lei determina o repasse de R$ 15 bilhões a estados e municípios até 2027, mas com a alteração, as parcelas anuais de R$ 3 bilhões não são mais fixas. Gestores locais criticaram a medida, afirmando que ela compromete o planejamento, gera instabilidade e dificulta o repasse de recursos.

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