Mercado de custódia de criptoativos em 2024: avanços e perspectivas

Por Luis Ayala*

Durante este ano de 2024, a perspectiva com relação ao mercado de criptomoedas, especialmente dos governos ao redor do mundo, foi mudando a respeito deste ativos e da sua guarda, o que causou mudanças nas legislações de alguns países.

Passos de gigante na legislação e adesão

2024 sedimentou o sucesso do avanço da legislação cripto no Brasil, com o complemento do marco legal das criptomoedas de 2022 com a lei 14.478/2023, que regula os serviços de exchanges e outras prestadoras de serviços cripto. Junto a isso, existem ainda mais regulamentações em discussão, com o marco regulatório das criptomoedas sendo discutido no Banco Central, o que demonstra um interesse legítimo do governo em preparar o terreno para o crescente interesse de pessoas físicas e jurídicas nos ativos digitais.

Neste sentido, as empresas de custódia cripto e os bancos vêm criando pontes para parcerias estratégicas, com um enfoque na custódia de stablecoins, ativo mais buscado em muitos mercados da região. Esta interoperabilidade oferece diversas vantagens, facilitando o acesso do cliente bancário tradicional à alternativa cripto e respondendo a dois dos principais desafios do setor: a facilitação do acesso e a consequente adesão em massa. Como consequência, diversos bancos na região já permitem que seus clientes comprem e possuam ativos digitais em carteiras, com integração com blockchains como Ethereum e Polygon.

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Outro aspecto que merece destaque é o desenvolvimento das CBDCs. Países como Brasil, Argentina (que também teve avanços significativos na legislação cripto durante este ano) e Colômbia levaram seus projetos adiante durante o ano. O Brasil, inclusive, chegou a testar a infraestrutura do Drex em parceria com Hong Kong, para verificar a possibilidade de envios internacionais do ativo digital. Respondendo a esta demanda, foram iniciados diversos projetos de custódia de grande escala na região.

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Desafios e oportunidades para 2025: o que podemos esperar?

Em matéria de custódia, o desafio chave da América Latina pode ser definido em uma palavra, fundamental para a tecnologia blockchain como um todo: consenso. É possível identificar desafios em matéria de compliance custodial, regulações divergentes e, acima de tudo, a falta de um procedimento padrão internacional de recuperação de ativos em caso de insolvência do custodiante.

Todas estas questões precisam ser endereçadas com agilidade e de forma conjunta pelos países, talvez criando uma comissão para o assunto dentro do Mercosul ou outro tipo de iniciativa internacional, para que os mercados possam mais do que simplesmente coexistir, mas interagir de forma fluída, o que geraria oportunidades e benefícios à todos os envolvidos.

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Em matéria de oportunidades, acredito que em 2025 teremos o aumento considerável das soluções de custódia, especialmente as chamadas “custódias frias”, que é a custódia offline, com os ativos sendo mantidos em wallets dentro de cofres de altíssima segurança. Isso porque esta estrutura de segurança une o mais eficiente em matéria de segurança de ativos físicos com a facilidade de reintegrar o ativo digital à rede com agilidade e facilidade.

Outro mercado que terá destaque no próximo ano será o de custódia para CBDCs e stablecoins, que são o foco da adesão institucional por parte de empresas na América Latina.Países como Brasil e Argentina discutem propostas de transformar parte das reservas estratégicas dos países em bitcoin, e isso demandaria soluções de custódia robustas..

Creio que 2025 será um ano crucial para o bom desenvolvimento do mercado cripto para a América Latina, com avanços que devem garantir ainda mais segurança para quem deseja ingressar nesse setor.

*Luis Ayala é diretor Latam da BitGo, uma das maiores empresas especializadas em custódia de criptoativos.

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