Basileu França encerra ano com a magia natalina de “O Quebra-Nozes”

O Jornal Opção esteve na mágica estreia de “O Quebra-Nozes”, espetáculo que encerrou a temporada 2024 da Escola do Futuro de Goiás em Artes Basileu França (EFG Basileu França), realizado nos dias 20, 21 e 22 de dezembro no Teatro Escola, em Goiânia. O público foi transportado para um universo encantado com neve falsa caindo sobre o palco, uma narrativa teatral envolvente, a presença especial do Papai Noel e, claro, a arte dos 120 bailarinos que brilharam com técnica impecável. Sob a trilha sonora imortal de Pyotr Ilyich Tchaikovsky, a produção emocionou e cativou ao aliar performance internacional, talentos nacionais e uma atmosfera inclusiva, reafirmando a posição da instituição como referência no ballet clássico brasileiro.

Dirigido por Simone Malta, “O Quebra-Nozes” já é uma tradição no calendário do Basileu França, sendo apresentado desde 2012. “É um clássico de Natal que merece ser mostrado, e a cada ano buscamos trazer novidades, seja com mudanças no figurino, cenários ou coreografias”, explicou Simone.

Neste ano, os destaques incluíram uma nova abordagem coreográfica em homenagem ao bailarino, professor e coreógrafo, Caio Baratella, vencedor do prêmio de Melhor Coreógrafo na última edição do Festival de Dança de Joinville. A presença de um bailarino negro no papel do soldadinho de chumbo destacou o compromisso da instituição com representatividade. “Acho que na escola a gente tenta englobar todo mundo, independente da cor ou tamanho. É importante enxergar todos de forma igual e valorizar o talento de cada um”, acrescentou Simone.

Caio Baratella brilha como Soldadinho de Chumbo e destaca a importância da representatividade no ballet | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Para 2025, a escola já tem projetos ambiciosos, incluindo uma nova montagem de “O Quebra-Nozes”, completamente remodelada. 

Um espetáculo de reconhecimento

No papel de Soldadinho de Chumbo em “O Quebra-Nozes”, Caio Baratella, de 28 anos, trouxe mais do que técnica impecável ao palco: trouxe representatividade. Em entrevista ao Jornal Opção, o bailarino expressou alegria e orgulho ao ser um dos raros artistas negros a interpretar um personagem clássico tradicionalmente atribuído a brancos.

“Eu estou muito feliz em estar representando esse povo preto que finalmente está conseguindo ocupar espaços que antes não existiam. É algo muito bem-vindo, e eu acho que é um momento bem significativo. É bem legal ver essa evolução no mundo do ballet,” contou.

Com simpatia e talento inegável, Caio detalhou o esforço por trás da impecável apresentação: “A nossa preparação, ela acontece desde agosto já, a gente já está trabalhando há muito tempo. Então a gente começou os ensaios, são várias coreografias, tudo feito com muito carinho pra chegar na hora e o público ficar bem feliz.”

A dedicação envolve ensaios intensivos de segunda a sábado, algumas vezes aos domingos, das 14h da tarde às 22h da noite. Ele reconhece o trabalho exaustivo, mas celebra o carinho e o crescimento da demanda pelo espetáculo: “É gratificante ver que Goiânia está consumindo ballet, uma arte que antes era considerada elitista, mas agora está se popularizando”.

Caio Baratella como Soldadinho de Chumbo e Giovanna Hellu como Clara | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Já no papel de Clara, protagonista do clássico “O Quebra-Nozes”, Giovanna Hellu, de 25 anos, esbanjou carisma e maturidade no palco do Teatro Escola em Goiânia. Sua performance, carregada de emoção e técnica refinada, foi um dos pontos altos do espetáculo. Em entrevista ao Jornal Opção, a bailarina compartilhou a alegria de revisitar um papel marcante de sua carreira.

“Esse papel eu fiz há dez anos atrás, quando eu era bem pequena. Então, hoje estou revivendo isso. É muito bom, né? Porque também é outra perspectiva que a gente tem, é outra maturidade”, contou Giovanna, revelando como sua visão sobre o papel evoluiu com o tempo e a experiência.

A bailarina descreveu a emoção de estar no palco como algo que nunca se perde. “A gente sempre tem um friozinho na barriga, né? Não tem como, é aquela emoçãozinha de sempre. Mas é sempre bom estar no palco, independente do que a gente vai fazer.”

Natural de São Paulo, Giovanna se estabeleceu definitivamente em Goiânia no ano passado, atraída pela qualidade e pela estrutura da EFG Basileu França, reconhecida como uma das principais referências em ballet clássico no Brasil. “Aqui a gente tem uma estrutura muito boa. É uma referência de escola no Brasil. Então, realmente, eu vim pra cá, mesmo buscando essa qualidade, né? Do ballet clássico.”

Sobre “O Quebra-Nozes”, ela enalteceu a magia que envolve a história e sua relação com o Natal. “É um ballet que aborda sonhos e transformações, algo muito simbólico para esta época do ano. Isso é especial para levarmos ao público, que sempre espera muito de um espetáculo como esse,” afirmou, realçando a conexão entre o espetáculo e a atmosfera festiva e emocionante de final de ano.

Estrutura que forma talentos

Desde 2005, a EFG Basileu França marca presença no Youth America Grand Prix (YAGP), consolidando-se como referência em formação e preparação de jovens talentos para o universo da dança. Reconhecido como a maior rede global do setor, o YAGP oferece oportunidades para aspirantes a bailarinos, como bolsas de estudo em grandes escolas e contratações em companhias renomadas. 

Simone Malta, diretora artística e peça central na orientação dos talentos da EFG Basileu França, ressalta o rigor pedagógico adotado para formar profissionais prontos para desafios internacionais: “A escola, ela vem fazendo um trabalho de base, acredito que a gente chegou aqui exatamente por conta de todos os anos que a gente vem preparando e trabalhando pedagogicamente para a gente crescer e poder formar nossos bailarinos”, explica Simone.

Com uma metodologia que combina técnicas cubana, inglesa e Vaganova, a Escola Basileu França mantém um nível de excelência que projeta seus bailarinos internacionalmente.  “Aqui a gente tem três metodologias que os alunos têm contato, exatamente para ter esse diferencial”, destaca.

Essa abordagem holística é complementada por experiências práticas, como apresentações com orquestras e encenações que replicam condições de companhias profissionais, ampliando as habilidades dos alunos para além da técnica básica de dança.

Reconhecimento global

A reputação da escola é comprovada pelos seus alunos e ex-alunos que conquistaram espaço em grandes instituições. Exemplo disso são bailarinos da escola que foram aceitos no Royal Ballet, na Ópera de Paris, e diversas outras escolas de prestígio ao redor do mundo. Sobre isso, Simone reforça o compromisso com a profissionalização dos bailarinos: “Eu acho que a gente tem recebido muitos bailarinos, exatamente por isso. Não é a dança só pela dança, é profissionalizar o que muitos ainda não estão prontos”.

Além do reconhecimento individual, a escola conquistou outro marco: em janeiro de 2025, será a única instituição brasileira com quatro representantes no prestigioso Prix de Lausanne.

Uma experiência para o público e artistas

Os ingressos, que esgotaram rapidamente, resultaram na inclusão de uma sessão extra no sábado, para acomodar a grande procura. “A emoção é indescritível”, disse Giovanna. “Todo esforço dos ensaios é recompensado quando estamos no palco e vemos o impacto que causamos.”

Confira vídeo do espetáculo “O Quebra-Nozes”

Basileu França traz espetáculo “O Quebra-Nozes” para Goiânia | Vídeo: Tathyane Melo/ Jornal Opção

A montagem deste ano também contou com a participação da bailarina argentina Cynthia Kocherengo, que trouxe um brilho internacional ao espetáculo. A junção de diferentes nacionalidades e estilos reforçou o compromisso do Basileu França com a inovação e a inclusão artística.

Encerrar 2024 com um espetáculo grandioso foi uma forma de reafirmar o papel do Basileu França como centro de excelência artística. Mais do que uma celebração natalina, “O Quebra-Nozes” trouxe à tona discussões importantes sobre inclusão, profissionalização e o acesso à arte no Brasil.

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