Tarcísio de Freitas afasta diretor do Deic, citado pelo delator do PCC executado em Guarulhos


Além de Fabio Pinheiro Lopes, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais, o governador de SP também afastou o delegado Murillo Fonseca Roque, de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos, afastou dos cargos o diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais e um outro delegado da Polícia Civil. Os dois foram citados na colaboração premiada do delator do PCC Vinícius Gritzbach, que foi assassinado em novembro.
O delegado Murillo Fonseca Roque, de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e Fabio Pinheiro Lopes, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais, o Deic, estão de férias. Com a decisão anunciada nesta sexta-feira (20), os dois não vão retornar a seus cargos. O Deic tem a missão de planejar e executar ações contra o crime organizado e concentra 17 delegacias especializadas.
Em setembro, na colaboração firmada com o Ministério Público, o delator Vinícius Gritzbach disse que pagou propina a um advogado que, em troca, se ofereceu para atuar como intermediário para conseguir favores que seriam concedidos pelo Deic. Na época, Vinícius Gritzbach era alvo de investigações no departamento.
O delator Vinícius Gritzbach chegou a ser preso suspeito de ser o mandante de dois assassinatos. Ele negava os crimes e respondia aos processos em liberdade. Ao assinar a colaboração com o Ministério Público, reconheceu que ajudava o PCC a lavar dinheiro com a compra de imóveis e entregou o nome de pessoas ligadas à facção criminosa.
Além disso, Gritzbach falou sobre supostos casos de corrupção na Polícia Civil paulista. Segundo o delator, um dos esquemas começou por intermédio do advogado Ramses Costa. Ramses teria dito ao delator que era muito influente e que resolveria todos os problemas de Gritzbach – como a restituição do passaporte dele, o desbloqueio dos bens e até a liberdade durante todos os processos.
Ainda segundo a delação, o advogado também disse que, para isso, teria se reunido com o deputado estadual pelo PP, delegado Olim, com o então diretor do Deic, delegado Fábio, e com o delegado Murillo, então titular do 24º Distrito Policial.
O delator disse ainda que o advogado cobrou dele R$ 5 milhões, sendo R$ 800 mil de honorários. O restante seria propina. Segundo Gritzbach, como forma de pagamento, ele deu ao advogado dois apartamentos, diversos cheques, R$ 300 mil em transferência bancária e uma parte em espécie. O delator também afirmou que anexou provas de conversas em um pen drive que entregou ao Ministério Público.
Tarcísio de Freitas afasta diretor do Deic, citado pelo delator do PCC executado em Guarulhos
Jornal Nacional/ Reprodução
Nesta sexta-feira (20), Fabio Pinheiro Lopes negou que tenha favorecido Vinícius Gritzbach. Disse, por exemplo, que o passaporte do delator está até hoje apreendido. Segundo o delegado afastado, Vinícius foi enganado pelo advogado.
“O que a gente percebe… Esse advogado é um criminoso contumaz. O que esse Vinícius devia estar? Acabou de sair da cadeia do DHPP, o PCC querendo matar ele, estava desesperado. O advogado foi e contou uma história. E, para mim, opinião minha, o advogado enganou o Vinícius e usou o meu nome, usou o nome de um delegado que eu não conheço e usou o nome de dois deputados honrados”, diz Fábio Pinheiro Lopes, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Fabio Pinheiro Lopes disse ainda que recebeu o advogado Ramses apenas uma vez, que o encaminhou para o delegado responsável pelo caso e que nunca mais o atendeu.
“Ele esteve na minha sala no dia 29 de abril às 15h25. Ficou lá 10 minutos. Nunca mais apareceu. Depois, ele tentou falar comigo mais uma, duas, três, quatro vezes em dois anos e eu nunca o atendi porque eu não tenho razão para falar com ele. Eu tenho absoluta convicção, como todo mundo tem, que isso não se sustenta, que é um absurdo, do absurdo, do absurdo”, afirma Fábio Pinheiro Lopes.
A Secretaria da Segurança Pública afirmou que afastou os dois citados na delação para garantir a isenção das investigações.
Na terça-feira (17), também com base na delação de Vinícius Gritzbach, uma operação prendeu um outro delegado e três policiais civis suspeitos de lavar dinheiro e de vender proteção para integrantes do PCC.
No início de novembro, Vinícius foi executado com tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. O crime ainda não foi esclarecido.
O advogado Ramses Costa disse que não são verdadeiras as ilações trazidas por Vinícius Gritzbach; que nunca contribuiu direta ou indiretamente para corromper agentes públicos; e só recebeu de Vinícius honorários advocatícios.
O deputado estadual delegado Olim declarou que recebeu com indignação a citação do nome dele em fatos sem qualquer relação com a realidade; que não sabia da existência de Vinícius Gritzbach e nunca esteve com ele; e também não tem amizade ou relação próxima com o advogado Ramses.
O Jornal Nacional não conseguiu contato com o delegado Murillo Fonseca Roque.
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